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No picadeiro da praça ele surgiu,
Seguiu no ponto a rotina à risca
Malabarista do asfalto, e alguém previu:
Lá vem o salto em que ninguém pisca
Marcou seu ponto com cal, se banzeu "Ai, valei-me deus!"
Quatorze facas no ar, aro em flor, deixa ver, vai saltar
Estende o chapéu no chão, suspende a respiração
Seu coração custa a crer que o corpo pode voar
Miséria aqui escolheu seu destino
Afina o salto mortal, mede o céu, guarda o medo e a dor
Seu show que vale um real, começou, escorreu seu suor
Transcende a aglomeração, acende a revolução
Agora que eu quero ver, quem pode me acompanhar
Quem pode o tempo esquecer deixando a vida levar
Quem pode o risco correr, só pra poder se arriscar
No picadeiro da praça ele saltou,
Voou, deixou na rotina a risca
Malabarista do asfalto e alguém falou:
"Vê que tão alto é um golpe de vista"
Rasgando a pele do ar, raspando o fundo da fé
Fazendo o mundo girar, do jeito que a vida quer
Vai dando a volta por cima, a fome não desanima
O salte-se quem puder
E quando cai, diz no pé
Que quando cai, cai de pé
E quando cai, diz no pé
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