Já é notório e até virou brincadeira de que as pessoas no Brasil, só são lembradas depois de mortas. Algo muito comum com pintores, que só se valorizam depois de mortos, e neste caso particular, cantores que há muito longe do “mainstream”, quando morrem voltam a serem “vendáveis” e serem relançados, redescobertos e “homenageados” através de regravações.
Casos como o de Raul Seixas é um dos mais famosos, o cantor morto em 1989 virou uma figura mítica, sendo tema de documentário, livros e mais de 20 coletâneas lançadas desde então, porém artistas antes populares e hoje esquecidos do grande público também comem dessa fatia, algo que esta prestes acontecer com o cantor Belchior.
Sua genial carreira, nos últimos anos foi apenas lembrada pelo seu controverso sumiço e encerrada por trágica morte com ares misteriosos, fomentam o grande apelo para a volta ao consumo de suas músicas. Seu inegável carisma e visual icónico (cabelos e bigodes) somados a força e poesia de suas letras conjuram apropriadas aos atuais tempos revoltos e tem apetite suficiente para fazer a cabeça da rapaziada e bombar nas redes sociais.
Imagina-se uma lista desses produtos capazes de serem trabalhados, num exercício de futurologia e seguindo a cartilha do capitalismo pop teriamos:
- Artistas se dizendo "íntimos" de Belchior com várias histórias a contar, colaborando com a áurea de mito;
- Artistas "íntimos" lançando dvd´s e livros sobre as "parcerias antigas";
- Perfil no Spotify e Deezer inflado por novos curiosos ouvintes.
- Shows em "Tributo" ao mesmo com ingressos nada "populares", explorando imagem e boa parte da obra musical;
- Inúmeras biografias autorizadas e não autorizadas do artista, com "detalhes" de suas "intimidades" e com fatos carentes de comprovação;
- Gravadoras irão lançar discos com suas obras inéditas nas vozes de "ícones" vivos do mercado fonográfico (de Marisa Monte a Luan Santana);
- Novelas usarão músicas dele nas vozes de "Maria Gadú"; Ana Carolina; Vanessa Da Matta ou Lenine;
- Camisas de malha com caricaturas do falecido artista; com trechos de suas canções ou com pintura do seu bigode ou estilo “Che Guevara”.
Independente de que aconteça, Belchior merece ter seu legado mostrado aos quatro ventos, e que isso se reverta em dinheiro a seus descendentes.
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