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Que satisfação tem o pássaro de belo canto, se não atrai a fêmea que está no cio? Seria esta a razão do canto triste do uirapuru?
Que satisfação tem a cachoeira, se não atrai o olhar daquele a quem está a respingar?
Que satisfação tem a frondosa árvore, se seu sombrear não areja a quem está a fadigar?
Que satisfação tem a mais alta montanha, se lá do topo, seu olhar é solitário?
Que satisfação tem a boa música, se não comove quem a inspirou?
Que satisfação tem a flor, se antes de murchar, não atrai um polinizador?
Que satisfação tem a bela mulher, se, com seus apetrechos, não consegue canalizar a admiração e o desejo daquele a quem pretende imanizar?
Que satisfação tem o tempo, se o pular das horas não impulsiona nem vincula ninguém ao verbo amar?
Que satisfação tem aquele que, ao ter por perto o que lhe acende a chama, é coibido sorver o que lhe inflama?
Que satisfação tem aquela que, na sequência do “estradão”, inaugura o romper do “véu” sem fiar a pureza do sentimento recíproco?
Que satisfação tem o poeta, se sua flecha não crava a maçã almejada, nem sua saliva prova o sabor da sua imaginação?
Que satisfação tem aquele que flui a letra e o canto, quase sacro, se não frui da relíquia que o inspirou a compor a canção?
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