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Ainda sinto o perfume da fronha acalentando o medo da noite eterna e com teus olhos me velando, entregava me ao sono profundo;
Ainda escuto tua voz na sala, quando deitado, ficava esperando o monstro da noite chegar flutuando no escuro do quarto de dormir;
Ainda sinto os delírios da febre na pele, suando na cama, tendo tua presença na doce mão tocando minha testa, fazendo me crer que na manhã seguinte ouviria os cantos dos pássaros num cantar de mulher;
Ainda vejo os brinquedos no chão, onde criança eu construía os mundos, habitados por duendes e monstros e protegidos por um olhar atento de uma mulher;
Ainda sinto o cheiro da janta a penetrar no quarto de dormir como plasma de uma física ainda não vista, misturado ao doce perfume de uma mulher;
Ainda escuto minhas palavras duras de criança, como quem não enxerga o mundo cruel além do quarto de dormir, palavras que se tornavam doces no ouvido atento de uma mulher;
Ainda sinto o medo, quando numa noite, perdido no jardim da fazenda, olhando os vaga lumes como olhos brilhantes de monstros noturnos, gritei desesperadamente por um nome de mulher;
Ainda sinto a vontade de crescer, de me tornar livre e independente, de voar até onde as asas dos sonhos possam levar e me ver caindo num vácuo profundo nos braços de uma mulher;
Ainda me revejo criança, nos anos efêmeros da infância, onde a vida vivida era os sonhos sonhados no doce desejo de uma mulher;
E quando Marcelina me trouxe o despertar dos sentimentos, eu ainda criança, sentindo me rubro ao despertar de algo ainda desconhecido, sentido me eternamente perdido, tive consolo num sorriso de mulher;
E quem é essa mulher que até hoje relembro?
Uma mulher mortal e humana como qualquer uma...
Mas o que a torna única é a pureza do seu sentimento em relação a um ser que um dia saiu de suas entranhas, como um Deus que dá a vida.
Uma mulher que se torna mãe.
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