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Vês, amor,
os leves sulcos gravados
nesta minha face cansada?
São caminhos das lágrimas
que deixei rolarem por ti.
Ouves, amor,
a fala rouca e desgastada
nos diálogos, hoje, tão raros?
Resulta das descomedidas preces
nas quais pedi a Deus por ti.
Percebes, amor,
os meus braços jogados
ao longo do corpo, inertes?
Esgotaram-se em tantos abraços
que o envolveram nas tuas chegadas.
Notas, amor,
a ausência de luz no meu olhar
quando tento brincar com estrelas?
Foram as nuvens negras dos desencantos
que neles pousaram com a tua indiferença.
Sentes, amor,
a frieza desta mão descuidada
onde ainda reluz uma argola no anular?
Foi a falta do calor de um carinho
que nem tentaste retribuir.
Entendes, amor,
que este coração desarmado
consegue ainda dançar em ritmia?
Não é por ti que ele persiste...
Persiste e dança
porque ainda se enche de fé
e abraça a esperança.
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