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Se eu não trabalho então eu não existo
Se eu não servir de produção, estou morto estando vivo ?
Não é assim que vocês raciocinam ?
Penso que ainda existe vida nos retratos amarelos
Eu vejo, eu falo, eu ouço, eu penso
Sou carne viva, sangue circulando
Tenho sentimentos até mesmo na velhice
A dor de querer e tentar ser útil
e ninguém prestar atenção
Eu me sinto como um retrato amarelo
Não quero que tenham dó de mim
Eu não preciso desse tipo de caridade
Mãos enrrugadas, trêmulas, proféticas incomodam
e parecem carregar uma peste sem cura
Velhice é uma criança que retorna e preocupa
Amigos se vão, o pano cai, a peça sai de cartaz
Ser esquecido na poltrona do canto da sala
paisagem adormecida de uma vida longínqua
lembranças minhas que não interessam à ninguém
Meu maior erro foi acreditar que o meu jardim nunca
iria envelhecer.
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