"O que foi dito bêbado, foi pensado sóbrio"

Não é preciso beber pra saber que a bebida libera alguns instintos adormecido que faz a pessoa fazer e/ou falar coisas que costumeiramente não fazem.

Há quem diga que só fez aquilo por conta da bebida, chega até a se desculpar. Mas será que a culpada é mesmo só a bebida? Ou será que tudo o que foi dito ou feito enquanto bêbado não foi mesmo pensado enquanto sóbrio?

Freud já dizia a frase acima e uma recente pesquisa veio confirmar que a bebida não faz nada mais do que liberar ou desbloquear comportamentos adormecidos, intencionalmente ou não, já que nossa personalidade não muda quando bebemos.

Pesquisa mostra que a bebida não muda sua personalidade

É comprovado que a bebida altera o comportamento das pessoas, deixando-as, normalmente, mais extrovertidas e expansivas, com menos medo e vergonha. Para descobrir se aquela história de “fez bêbado, pensou sóbrio” é verdade, os pesquisadores contaram com alguns voluntários, que foram divididos em dois grupos: os que receberam drinks feitos à base de Sprite com vodca e os que não ingeriram bebida alcoólica alguma.

Depois de consumirem a bebida, as pessoas tinham que realizar algumas atividades enquanto seus desempenhos eram avaliados por um grupo de pessoas que elas não conheciam.

As pessoas que beberam o drink com vodca ficaram mais extrovertidas do que a galera sóbria, e os observadores avaliaram seus comportamentos com base em cinco fatores de personalidade. O que se observou também foi que as pessoas bêbadas pareciam menos neuróticas, mas nas áreas relacionadas à conscienciosidade, abertura e conveniência, não houve diferença entre os grupos. O que foi avaliado, na verdade, foram as mudanças óbvias de comportamento, que somos realmente capazes de notar até mesmo nas pessoas que não conhecemos.

Isso quer dizer que...

Ainda que não haja diferença entre quem você é sóbrio e quem você é quando bebe, talvez a maior diferença seja vista apenas por você .

O psiquiatra Alessandro Alves, presidente do Centro de Estudos da Clínica Jorge Jaber, diz que o álcool age no lóbulo frontal do cérebro, inibindo a autocensura — que impede os indivíduos de tomar atitude socialmente condenáveis, de acordo com seus valores e crenças.

“Quando a autocensura é rebaixada, a pessoa passa a ter comportamentos que já estão dentro dela, mas que não apareciam por causa do freio social. Se ela se torna agressiva ou erotizada, por exemplo, é porque a personalidade dela é assim, mas só com o álcool ela se sente livre para demonstrar isso”, explica o médico.

Ou seja, sua personalidade não se altera, porém você fica mais desinibido para fazer coisas que, muito provavelmente, não teria coragem de fazer sóbrio, mas teria vontade.